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Eustaquio Amaral

Economista, ex-superintedente de Planejamento e Finanças da Secretaria Estadual de Saúde de MG. Acadêmico da Academia Patrocinense de Letras. Colunista do portal Rede Hoje.  eustaquioamaral@gazetaptc.com.br 

PRIMEIRA COLUNA. “AFONSOS”: O FINAL DOS INCRÍVEIS BANDOLEIROS

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Criado em Domingo, 22 Novembro 2020 08:03

Fama. Os Índios Afonsos teve a sua no Brasil. Meio século de terror, mortes, justiça e perseguições. De pai para filhos. De irmão para irmão. De tios para sobrinhos. A família Afonso, de origem patrocinense, transformou-se na mais violenta do Triângulo e Brasil Central, em todas as épocas. Com a indispensável ajuda de José Aluísio Botelho, célebre pesquisador e intelectual de Paracatu, este último capítulo complementa um pouco essa fascinante história. O avô de Aluísio, nossa fonte, era primo-irmão do inesquecível professor Franklin Botelho, um dos ícones na educação patrocinense.

 

PRIMEIRO E LÍDER AFONSO – O Índio Afonso, que deu origem ao romance de Bernardo Guimarães (1872), foi morador do “fogo” (casa) número 206, conforme Censo Populacional de 1832. Adulto, viveu praticamente às margens do Rio Paranaíba e Catalão (GO). Em 1861, Bernardo Guimarães o conheceu. Após inúmeros crimes, foi morto (o Índio Afonso) em 1887, na região de Estalagem (hoje, Estrela do Sul). Os irmãos Machado, pertencente à escolta que teria a missão de prender Índio Afonso, foram os autores dos tiros que mataram o já idoso herói ou bandido de Patrocínio. Interessante que a família Machado era de ascendência indígena, tribo/família inimiga dos Afonsos.

 

OS FILHOS – Com a morte do pai (Índio Afonso), segundo a família e políticos da época, por emboscada, sem direito à defesa, os seus filhos juraram vingança. O filho mais velho, João Pereira Afonso, assumiu a liderança do bando. Isso a partir de 1887. A situação às margens do Rio Paranaíba, próximo a Catalão, piorou muito. Os assassinatos e saques nas fazendas aumentaram assustadoramente, causando enorme preocupação às autoridades. Os primeiros a morrer foram Francisco Machado (oficial de Justiça, que comandou a escolta da tocaia), Mariano Machado e Feliciano Machado, esses dois os que mataram o Índio Afonso.

 

DESTEMIDO POLICIAL – Nesse cenário, assumiu o comando das operações contra os Afonsos, o delegado profissional, capitão Fortunado José da Costa Lana. Primeiro, delegado em Bagagem. Depois, foi delegado em Patrocínio. Fortunato promoveu incansável caçada ao bando, jamais vista na região. Tudo em vão. Pois, os Afonsos conheciam a região e seus esconderijos (matas, grutas, serras) melhor do que outros mortais. Assim, sempre escapavam. Apenas o índio Raimundo foi morto, em 1891. Esse também filho do Índio Afonso.

 

A MORTE DO FILHO JOÃO – O chefe do bando, João Pereira Afonso, foi assassinado em 1894, por um sobrinho, numa fazenda invadida de Catalão. Isso depois do bando acertar contas com inimigos naquela região. Há notícias que quase no limiar do século XX, esse grupo criminoso ainda existia, provavelmente sob o comando de Pedro Afonso, outro filho do Índio Afonso.

 

O CREPÚSCULO DA SAGA – De acordo com a pesquisa de José Aluísio Botelho, há nos anais da Câmara dos Deputados que “... nenhum homem mesmo resta, sendo de notar que todos eles (os Índios Afonsos) foram mortos pelas escoltas que iam em perseguição dos mesmos. Jamais se entregaram à prisão, preferindo morrer lutando.” Registro de 1909.

 

RETRATO DOS AFONSOS – O pai, Índio Afonso, é, praticamente descrito por Bernardo Guimarães. Estatura colossal, organização atlética, forte, aguerrido. É um verdadeiro “Rambo”, conforme apresentado na crônica anterior.

 

TRAÇOS DA FAMÍLIA – Segundo o juiz de Carmo da Bagagem (Monte Carmelo), Dr. Tito Fulgêncio Alves Pereira, os Afonsos moravam no mato e gostavam de pinga só no tonel, por causa de receio de envenenamento. João Pereira Afonso, dos filhos, era o mais feroz. Cabloco, pés grandes, estatura regular e peitos largos. Em 1893, tinha 35 anos. Casado, com filhos, andava armado de garruchas, faca e carabina de 12 tiros.

 

IRMÃOS – Pedro Afonso: estatura baixa, caboclo, cabelos crespos, 23 anos e também casado. Ainda conforme o juiz carmelitano, Manoel Paca Afonso, tinha a mesma cor, parecido com o seu irmão João, magro, 25 anos. E mais possíveis três irmãos, Joaquim Pereira Afonso, Rufino Afonso (morto em 1890) e Raimundo Afonso (morto em 1891). Assim, Índio Afonso, que viveu com Maria Mendes, teve diversos filhos, com destaque para os seis citados.

 

FONTES – Os Índios Afonsos Nos Jornais Da Época (século XIX), escrito em 2019, por José Aluísio Botelho (Paracatu) e O Índio Afonso, romance-realidade escrito por Bernardo Guimarães, em 1872/1873. E as duas últimas edições desta Primeira Coluna.

 

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