Facebook Twitter
 banner radio hoje aovivo450x108okok    
Quarta, Março 03, 2021

  • Inicial
  • Minas Hoje
  • Esporte Hoje
  • Gerais
  • TV HOJE
  • Blog do Luiz Antônio

COLUNA DO IVAN. BRINQUEDOS DE NATAL.

  • Imprimir
  • E-mail
Detalhes
Criado em Quinta, 31 Dezembro 2020 19:23

criançaNeste Natal, levantei-me cedo como não o fazia há anos. Fiquei  imaginando o que fazer na manhã que se percebia ia ser comprida. Resolvi dar uma volta no bairro para ver as crianças alegres e felizes com seus brinquedos.  Fiquei desapontado.  Não havia crianças nas ruas curtindo os  tão esperados brinquedos, ou apenas os exibindo para coleguinhas. Estiquei as pernas até a pracinha do bairro onde imaginava que a criançada poderia estar concentrada. Nenhuma criança. Peguei o carro, fui a bairros mais distantes e não havia crianças nas ruas. Será que Papai Noel havia  esquecido das crianças de nossa cidade? Não podia ser. O brinquedo de Natal é o mais esperado pelas crianças e Papai Noel não iria fazer uma descompostura dessas para a cidade inteira. 

Procurei me convencer de que  eu havia saído cedo demais  e que crianças deste século XXI não têm o hábito de levantar cedo. Lá pelas onze horas, saí novamente na esperança de encontrar a algazarra das crianças, cada uma exibindo seus brinquedos, pegando o brinquedo uma  das outras   para brincar com o presente dos colegas nem que seja  só um pouquinho. Nada encontrei.

Lembrei-me de ir até o nosso famoso Fundão, no fundo da  Igreja Matriz, onde passei grande parte de minha vida. Ali,  na rua Furtado de Menezes,  nos velhos tempos, a meninada concentrava com seus brinquedos no dia de Natal, meninada das casas populares ali existentes e das ruas vizinhas. Hoje,  uma criança aqui e ali buscando ver e achar  a quem mostrar seu brinquedo. Eram, naquela época,  brinquedos simples como convinham ao bairro: algumas  bicicletinhas, velocípedes( hoje já mudaram de nome- velotrol),bolas, peões, cornetinhas e muitos carrinhos . O importante é que fizessem barulho, que proporcionasse algazarra à meninada de todas idades. Muitos destes brinquedos seriam hoje considerados impróprios para a data, mas de grande valia, naquela época, porque presente era só no  Natal.

Mudou o Natal ou mudaram as crianças? Tempos e tempos atrás, quase não se distribuíam presentes. Criança não ganhava presente de aniversário. Não se tinha o hábito de comemorar aniversários e o presente vinha mesmo era  só no Natal. Hoje, banalizou-se o ato de presentear, as oportunidades são muitas e não se vai a uma festa de aniversário sem presentes, não importa se de criança ou de adulto. Ao chegar o Natal, a criança já recebeu diversos presentes durante o ano e o presente de Natal é apenas mais um, ou, talvez, apenas  o último do ano.

Outro aspecto que pouco se percebe: a população diminuiu muito. Antes as famílias tinham  três, quatro filhos. Hoje, a taxa de natalidade em nossa cidade é de um ponto seis. Crianças  já não tem mais irmãos. Um dia, no Colégio, um aluno me disse: “professor eu não tenho tios e nem primos de primeiro grau. Meus pais são filhos únicos.”  Mundo estranho. Mundo, mundo, vasto mundo, nos disse o poeta Drummond. 

Mas o que mudou mesmo é que as crianças já não brincam mais nas ruas. Em outros tempos, as ruas ficavam cheias à tarde,  toda tarde, e mesmo à noite, para as brincadeiras de grupo: pique-pega, pique-esconde, salva-latinha, pular corda, passar anel(para as meninas), jogar peão, malha e o brinquedo que não faltava – bolinha de gude. Exercitava-se a convivência social, mesmo que, de vez em quando, se formassem grupos rivais.

  As praças de nossa cidade, tão bonitas, tão convidativas, antes cheias de crianças com seus pais, principalmente, aos domingos, hoje não recebem crianças. Os brinquedos são eletrônicos, estão na tela do computador, do celular. Brincam sozinhas, tanto as crianças quanto os adolescentes, sem partilhar com amigos ao seu lado. E lá se vão  formando pessoas individualistas, sem a capacidade de convivência de social, incapazes de reconhecer o espaço do outro, ou o mundo além de si mesmas.       

Não há lugar para saudosismos. Tudo muda rapidamente, cada dia criam-se coisas novas, a tecnologia evolui constantemente e não há espaço para reter e  se lembrar do passado.   Diariamente,  invenções recentes são  consideradas  ultrapassadas. Não há mais na memória humana espaço para o passado. As coisas deixam de existir, simplesmente desaparecem.  Já dizia o velho poeta Camões no idos de um mil e quinhentos: “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades/ todo ser é composto de mudança”.                           




 

 
 
 
What do you want to do ?
New mail

Colunas recentes na REDE HOJE

  • PRIMEIRA COLUNA. PATROCÍNIO: COMO ERA O COMÉRCIO EM 1917/1918 E A POLÍTICA EM 1930 +

      Patrocínio foto dos anos 1920. Foto: Acervo Publico   Pérolas. A História de Patrocínio tem as suas. A imprensa de um século atrás documenta verdadeiras joias desconhecidas. Talvez, só com exceção do conhecimento de pesquisadores. Jornais “O Patrocínio”, “A Notícia” e “O Patrocinense” são periódicos que existiram entre 1917 e… Leia mais
  • PRIMEIRA COLUNA. RELICÁRIO: PASSA NA PONTE QUEM PAGA E A INDÚSTRIA FARMACÊUTICA +

    Patrocínio em 1909, largo do Rosário - hoje Praça Honorato Borges durante o que parece ser uma procissão  . Foto http://fotosantigaspatrociniomg.blogspot.com/  História. A de Patrocínio causa emoções. Um capítulo praticamente desconhecido é documentado pelo bom jornal “Cidade do Patrocínio”, edição de 13 de maio de 1911, em seu número 75. Portanto, esse periódico… Leia mais
  • O SOM DA MEMÓRIA. Morre aos 71 anos, Wanderley Guarda: empresário, músico, benfeitor de Patrocínio, meu amigo +

     Morava em Belo Horizonte, onde atuava no mercado financeiro, mas mantinha uma ligação de família e coração com Patrocínio. Wanderley Guarda: é assim que queria ser lembrado, tocando sua guitarra Wanderley e Vera na comemoração dos seus 70 anos.   Esta noticia registramos por dever de ofício, mas não queria… Leia mais
  • PRIMEIRA COLUNA. EM PATROCÍNIO CHEGA MAIS GENTE DO QUE SAI +

    O patrocinense em jogo no estádio Pedro Alves . Foto: Arquivo Rede Hoje   Informação. Quem a tenha, quem sabe usá-la, vive melhor. Seja um município, seja um cidadão. Com informações recentes da Fundação João Pinheiro (dezembro de 2020), é bom destacar a face positiva de Patrocínio em alguns quesitos socioeconômicos… Leia mais
  • PRIMEIRA COLUNA. COLÉGIO DOM LUSTOSA JÁ FOI EQUIPARADO À MELHOR ESCOLA DO BRASIL +

    Capa do livro "Colégio Dom Lustosa - História da educação Calólita masculina em Patrocínio - 1927 - 1962", da escritora e historiadora "Dininha" - Hedmar de Oliveira Ferreira. Foto: reprodução capa Ícone. Em Patrocínio uma escola pode ser considerada assim. Dia 15 de fevereiro, completa 94 anos de sua abertura. Ou seja, nessa data, em… Leia mais
  • COLUNA DO IVAN. AONDE ANDARÁ A MOÇA DE ARAXÁ? +

    Foto: Stefan Keller | Pixabay     Observo a moça sair da piscina, toda graciosa, a água a escorrer-lhe pelo corpo, o biquíni ressaltando-lhe os contornos e a beleza de sua forma física. Vai à mesa, enxuga-se e volta para a borda da piscina com um livro. Ali permaneceu por umas três horas… Leia mais
  • PRIMEIRA COLUNA. PIB DE PATROCÍNIO INDICA FALTA DE INDÚSTRIAS +

    Lavoura de soja: uma das especialidades de Patrocínio.  Foto: Vitor Dutra Kaosnoff | Pixabay   Desenvolvimento. O PIB é um dos melhores instrumentos para mostrá-lo. Assim, o PIB é um excelente indicador do progresso e da economia de uma região, país ou município. Patrocínio ocupa o 34º lugar em Minas quanto ao… Leia mais
  • PRIMEIRA COLUNA. CAFÉ DE PATROCÍNIO É DESTAQUE NAS EXPORTAÇÕES DE MINAS +

    ECONOMIA. Falar sobre ela é importante. Pois, é a área propulsora da vida. E mais importante ainda, quando a focalizada é a economia regional. Nela um dos destaques é o comércio internacional. A região é a denominada Intermediária de Patos de Minas, um procedimento de regionalização debilitada e de pouca… Leia mais
  • COLUNA DO IVAN. PASSA BOI PASSA BOIADA. +

    Há três anos , em um artigo neste jornal, falávamos sobre  as evidências de que caminhávamos para um governo militar como na ditadura de 64. E chegou a república dos generais. A diferença é que, no governo atual,  a democracia permanece, as instituições funcionam emocraticamente, mas temos, sim, um governo militar… Leia mais
  • PRIMEIRA COLUNA. ALÔ, ALÔ, PATRÔ,... AQUELE ABRAÇO... E PARABÉNS +

    Lembrança. Sempre é bom tê-la ou promovê-la. Como é o caso de segunda mais importante data cívica de Patrocínio. A primeira, a mais relevante, é 7 de abril. É a data que se comemora a criação, a emancipação, do Município. A segunda é a da criação da cidade: 12 de… Leia mais
  • 1

OUTROS COLUNISTAS: + textos

  • COLUNA DO IVAN. AONDE ANDARÁ A MOÇA DE ARAXÁ?
  • COLUNA DO IVAN. PASSA BOI PASSA BOIADA.
  • COLUNA DO IVAN. BRINQUEDOS DE NATAL.
  • COLUNA DO IVAN. O Brasil Invisível Agora Escancarado.
  • COLUNA DO IVAN. NUNCA ANTES NA HISTÓRIA DESTE PAIS.
  • COLUNA DO IVAN. ESTE MUSEU NOS FAZ FALTA
  • REFLEXÃO. Vida após a morte e o enfrentamento do luto
  • REFLEXÃO. Segurança infantojuvenil
  • A PALAVRA DA MÔNICA. CENÁRIO DE INTRANQUILIDADE.
  • COLUNA DA MÔNICA. Conferência do idoso foi uma boa surpresa.
001 RH-INST lateral-250