Biografia de Joaquim Correia, escrita por Milton Magalhães, revela meio século de história, flores e espinhos, nas páginas do Jornal de Patrocínio e na alma de um homem que fez do jornalismo sua missão.


Capa de "O Grande Tesouro de Joaquim Correira"

O Som da Memória | Luiz Antônio Costa

Recebi em minha casa, há poucos dias, uma visita que me encheu de alegria e nostalgia. Era o colega de profissão e velho amigo Joaquim Correia Machado Filho, que chegou trazendo um presente precioso: o livro O Grande Tesouro de Joaquim Correia, obra escrita com esmero por Milton Magalhães — cronista sensível, membro da Academia Patrocinense de Letras, e cuidadoso guardião da história local.

A biografia é um mergulho na alma de um homem e, por extensão, na alma de uma cidade. Joaquim me contou que Milton foi incansável na pesquisa, vasculhando páginas encadernadas do Jornal de Patrocínio, desde sua fundação em 1973, até os dias atuais. Um trabalho meticuloso, digno de quem entende que a memória não pode ser tratada com pressa. Mesmo assim foi ágil.

Nas linhas do livro, que além de contar a história de Joaquim Correia, conta a do Jornal de Patrocínio (que se misturam), estão cravadas as colunas "Gente e Coisas" e “Contando Histórias e Comentando", os editoriais que cobraram e inspiraram, e reportagens que marcaram época. Tudo isso, com a precisão de quem sabe que jornalismo, em sua melhor forma, é serviço, é história viva.

Sebastião Eloi dos Santos — jornalista brilhante, de memória saudosa, a quem chamávamos, com carinho, de Tião Eloi — criou um verbete singular para definir tudo o que representa Patrocínio em sua essência mais pura: rangeliano. A palavra nasce do Córrego Rangel, que corta a região Sul da cidade como uma artéria viva de história e identidade. Nada poderia traduzir melhor esse sentimento. Ser rangeliano é brotar da terra e nela criar raízes profundas, como quem escreve com o coração fincado no chão que o formou. Joaquim Correia, ao lado de sua companheira Darci Guimarães e dos filhos Alan, Analu e Alex, é exatamente isso: fruto desse solo fecundo — e, ao mesmo tempo, semente que perpetua sua força e memória.


Joaquim Correia, ao lado da família — Alan, Analú, Darci e Alex —, é retratado na obra de Milton Magalhães como símbolo de resistência, memória e amor à imprensa local.

Na orelha do livro O Grande Tesouro de Joaquim Correia, o escritor e membro da Academia Patrocinense de Letras, Milton Magalhães, traça com sensibilidade o espírito que move Joaquim. Para ele, a verdadeira virtude de qualquer empreendimento está na sua continuidade — que ele seja perene, capaz de atravessar o tempo e alcançar as próximas gerações. É esse o seu anseio mais profundo: que o trabalho plantado com tanto zelo permaneça, floresça e siga adiante, sustentado pela consciência e pelo comprometimento daqueles que o cercam.

Joaquim deseja que esse legado inspire amor e respeito, tanto entre os homens quanto com a natureza. Como nos Evangelhos, ele acredita no "ajuntar tesouros no céu", entendendo que nosso tempo na Terra é finito, e por isso é preciso conduzir os projetos com sabedoria, preparando os que virão para seguir o caminho mesmo em sua eventual ausência.

É essa harmonia entre vida e missão que permitiu ao Jornal de Patrocínio ultrapassar seu cinquentenário. Joaquim se revela com a humildade dos grandes, ao afirmar: “Senti o sabor adocicado de perfumes e grandes vitórias, intercaladas com amargas frustrações... Encontrei pelo caminho flores e, às vezes, espinhos.” E conclui, com serenidade: “Conscientizei-me de que meu sucesso não era fruto apenas do meu esforço, mas soma de vários e determinantes fatores. Fui um instrumento.”

Essa frase resume o espírito do livro. Joaquim é instrumento, sim — de transformação, de memória, de comunicação verdadeira. É também símbolo de uma imprensa que não se dobra, que registra, cobra e emociona.

O livro, com redação e pesquisa de Milton Magalhães, supervisão editorial do próprio Joaquim, colaboração da família Guimarães Machado, projeto gráfico de Reinaldo Gonçalves Romão, ilustrações de Edvaldo Pedrosa e fotos do acervo familiar, é uma peça fundamental do nosso patrimônio cultural. Impresso pela Hebrom Soluções Gráficas, de Uberlândia, ele é um presente à cidade — e um espelho para todos que acreditam no valor da palavra.

Ao final da leitura, fica a certeza: O Grande Tesouro de Joaquim Correia não é apenas dele. É nosso. É de todos que amam Patrocínio, sua história e seu jornalismo — esse jornalismo que, como bem definiu Tião Eloi, tem raízes rangelianas e frutos eternos.


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