A medida visa aumentar o número total de radares para 1,3 mil, em substituição aos atuais 536.
Foto: Ana Feres / DER-MG
Para muitos, a quantidade de radares e o alto valor das multas aplicadas contribuem para a percepção de que o sistema é utilizado como fonte de arrecadação
Da redação da Rede Hoje
A partir de 2025, as rodovias estaduais de Minas Gerais contarão com 764 novos equipamentos de controle e redução de velocidade. A medida, prevista em edital publicado em dezembro de 2024, visa aumentar o número total de radares para 1,3 mil, em substituição aos atuais 536. O investimento inicial é de R$ 313,2 milhões, valor que será definido após a abertura das propostas, marcada para 10 de fevereiro.
De acordo com o Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG), a instalação dos novos equipamentos faz parte de um programa de governo que combina controle eletrônico de velocidade, intervenções em pontos críticos das estradas e ações educativas. Dados do departamento apontam que o índice de acidentes nos trechos monitorados reduziu em 77% entre 2011 e 2024, com o número de sinistros caindo de 22 mil para 5 mil no período.
A licitação dos equipamentos será dividida em sete lotes. Os seis primeiros incluem estudos técnicos, instalação, operação, manutenção e monitoramento dos radares. Já o lote sete será destinado ao Centro de Gerenciamento Operacional e Processamentos (CGOP), responsável pela análise e acompanhamento das ocorrências registradas pelos radares.
Dados do departamento apontam que o índice de acidentes nos trechos monitorados reduziu em 77% entre 2011 e 2024
O DER-MG afirma que estudos técnicos determinam a localização dos aparelhos e que as decisões são baseadas em critérios de segurança. Apesar disso, a expansão do controle eletrônico gera questionamentos sobre o impacto financeiro para os motoristas. Para muitos, a quantidade de radares e o alto valor das multas aplicadas contribuem para a percepção de que o sistema é utilizado como fonte de arrecadação, e não exclusivamente para a prevenção de acidentes.
Dados divulgados pelo DER-MG indicam que apenas 0,1% dos veículos que passam pelos radares são multados. Apesar desse percentual baixo, as penalidades têm um impacto significativo na arrecadação estadual e levantam dúvidas sobre a transparência na aplicação dos recursos gerados. O departamento não detalhou como os valores arrecadados são reinvestidos em melhorias nas rodovias.
Os novos equipamentos terão tecnologia avançada, com recursos como leitura automática de placas e coleta de dados sobre volume de tráfego, velocidade média e tempo de percurso. Essas informações serão usadas no planejamento de intervenções e na gestão viária. Ainda assim, a eficácia da expansão tecnológica depende de sua aplicação prática e de como os dados serão utilizados para beneficiar motoristas e pedestres.
Embora o DER-MG disponibilize informações sobre os radares, como localização e limites de velocidade, críticos argumentam que é necessário ampliar a comunicação com a população. Isso inclui justificar de forma mais transparente os critérios para instalação e o destino dos recursos arrecadados, para evitar que o sistema seja percebido como meramente punitivo. O debate em torno da implementação dos novos radares ressalta a necessidade de equilibrar segurança e eficiência com custos justos para a sociedade.