Editorial
Patrocínio é uma cidade que se orgulha de sua estrutura moderna, do crescimento em vários setores e da constante evolução urbana. Mas há um ponto que insiste em permanecer nas sombras – literalmente. A iluminação pública da cidade não acompanha esse progresso. E essa é uma realidade que a população conhece muito bem.
O sistema de iluminação pública em Patrocínio vem sendo apenas escamoteado ao longo dos anos, de governos. Remendos aqui, ajustes pontuais ali – mas nada que resolva, de fato, o problema estrutural. E a consequência é clara: ruas escuras, insegurança e sensação de abandono. No bairro Morada Nova, por exemplo, há relatos de mulheres que evitam sair à noite por medo. E não é medo só de ações de criminosos, mas de acidentes. No centro da cidade, há trechos onde a iluminação é vergonhosa, principalmente se considerarmos que estamos falando de uma cidade do porte e da arrecadação de Patrocínio.
Enquanto isso, a população paga, religiosamente, uma taxa de iluminação pública que é alta e, em muitos casos, injusta. Tomemos como exemplo um poste localizado à porta de um edifício com oito apartamentos e quatro lojas. A cobrança da taxa não é feita com base no consumo de energia para iluminação daquele único poste, mas sim com base no consumo individual, para cada unidade. O resultado? Um custo elevado, sem um serviço condizente.
Vale lembrar que a chamada Contribuição para Custeio da Iluminação Pública (CIP) é cobrada pela concessionária de energia e repassada ao município. Não importa o critério – o que importa é que todos pagam, mas nem todos recebem o serviço com qualidade mínima.
Em algumas regiões da cidade, especialmente em loteamentos novos, as modernas luzes de LED já são realidade. Mas essa modernização ainda não chegou à maioria dos bairros tradicionais ou mesmo a diversas ruas centrais, Praça Honorato Borges, Praça Honorico Nunes, Praça da Bíblia (Tiro de Guerra) e até o acesso ao Unicerp. O que se vê é um desequilíbrio: enquanto parte da cidade é iluminada com tecnologia eficiente, outra parte vive em permanente escuridão.
E fica a pergunta que não quer calar: se a taxa é paga por todos, por que o serviço não chega a todos?
A Rede Hoje não defende desperdício de recursos públicos, mas sim justiça e planejamento. É preciso transparência na arrecadação da CIP e, principalmente, na aplicação desses recursos. A população tem o direito de saber quanto se arrecada, onde se investe e por que ainda há bairros inteiros às escuras.
A cidade avançou em muitos aspectos, mas continua tropeçando no básico. Iluminação pública não é luxo – é segurança, é dignidade, é cidadania. A palavra agora está com os gestores municipais. Patrocínio não pode mais conviver com a escuridão como se fosse normal.