
Da Redação da Rede Hoje
A Rede Globo estaria promovendo uma mudança sistemática em sua linha editorial, aproximando-se de pautas mais alinhadas à direita, não por uma transformação ideológica genuína, mas por interesses de autopreservação financeira. A análise foi feita pelo jornalista Cláudio Magnavita, na coluna "Magnavita", publicada nesta quinta-feira (7) no jornal Correio da Manhã.
Segundo o colunista, a alteração editorial da emissora e dos jornais do grupo — que inclui o O Globo, Valor Econômico e Época Negócios — estaria relacionada ao “efeito Trump” e ao medo de retaliações semelhantes às que atingiram o grupo de Rupert Murdoch nos Estados Unidos. Murdoch, proprietário do Wall Street Journal, viu sua credibilidade e negócios abalados após a revelação de envolvimento indireto do jornal com o escândalo do bilionário Jeffrey Epstein.
Magnavita afirma que os acionistas da Globo, que possuem investimentos espalhados por 48 empresas, algumas delas de capital aberto, estariam buscando se proteger de possíveis consequências políticas e econômicas em caso de novo fortalecimento da direita conservadora no Brasil. Nesse contexto, a escolha seria uma espécie de “Escolha de Sofia”: manter a coerência ideológica histórica ou proteger o próprio patrimônio.
Tarcísio e a Faria Lima
O colunista ainda destaca a sintonia entre essa mudança editorial e o fortalecimento do nome de Tarcísio de Freitas, atual governador de São Paulo, como figura promissora no cenário político nacional. Tarcísio, ex-ministro de Jair Bolsonaro, vem sendo tratado com entusiasmo por setores do mercado financeiro, especialmente os da região da Faria Lima, em São Paulo.
Curiosamente, o governo paulista tem destinado a maior parte de sua verba de publicidade para os veículos da Globo, superando até mesmo os aportes feitos durante a gestão de João Doria. A Record, apesar de ter proximidade com o Republicanos, partido de Tarcísio, estaria recebendo “migalhas”, segundo o jornalista.
Essa reconfiguração de forças e interesses pode sinalizar uma nova fase nas relações entre mídia, mercado e política no Brasil — e, sobretudo, o papel da imprensa tradicional na construção ou desconstrução de narrativas em momentos decisivos.