Evento reúne magistrados e especialistas para discutir redução da superlotação, acesso a direitos básicos e reintegração social de egressos
"Encontro de Juízes e Juízas Criminais e de Execução Penal: Plano Pena Justa em Ação" foi iniciado nesta quinta-feira (4/9) (Crédito: Riva Moreira / TJMG)
Da Redação da Rede Hoje
O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) deu início, nesta quinta-feira (4/9), ao “Encontro de Juízes e Juízas Criminais e de Execução Penal: Plano Pena Justa em Ação”, voltado a magistrados de Varas de Execução Penal e corregedores de unidades prisionais. A proposta é discutir caminhos para tornar o sistema penal mais justo, eficiente e humanizado.
A programação, que segue até esta sexta-feira (5/9), é promovida pela Escola Judicial Desembargador Edésio Fernandes (Ejef) e pelo Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e Socioeducativo (GMF). O encontro integra as ações do Plano Estadual Pena Justa, vinculado ao plano nacional coordenado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Quatro eixos de transformação
O Plano Pena Justa está estruturado em quatro eixos:
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Redução da superlotação e controle de vagas no sistema prisional;
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Garantia de condições básicas de sobrevivência nas unidades, como alimentação, higiene e saneamento;
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Promoção do acesso à educação e ao trabalho para pessoas privadas de liberdade;
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Reinserção social de egressos, com foco na diminuição da reincidência e na quebra do ciclo da violência.
Durante a abertura, o presidente do TJMG, desembargador Luiz Carlos Corrêa Junior, ressaltou a relevância da pauta. “É importante que nós, do Poder Judiciário, tenhamos a consciência de que a responsabilidade também é nossa, que devemos cooperar para a melhoria do sistema carcerário e socioeducativo”, afirmou.O secretário nacional André de Albuquerque Garcia apresentou números sobre o monitoramento das facções criminosas no País (Crédito: Cecília Pederzoli / TJMG)
Debate nacional
A palestra magna de abertura foi conduzida pelo conselheiro do CNJ José Edivaldo Rocha Rotondano, que destacou o plano como um “instrumento de refundação do sistema penitenciário brasileiro”. Ele frisou que a pena não deve desumanizar, mas oferecer condições de recuperação.
Painéis temáticos ao longo do encontro abordam temas como o enfrentamento às organizações criminosas, saúde mental no sistema prisional e a aplicação da Resolução CNJ nº 487/2023, que estabelece diretrizes para a atenção em saúde mental e medidas de segurança.
Durante o Encontro, está sendo realizado uma feira com artesanato criado por custodiados do Sistema Prisional mineiro (Crédito: Cecília Pederzoli / TJMG)
Integração e práticas locais
Representantes da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) e da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp) também participam, apresentando experiências de monitoramento de facções criminosas e estratégias para o controle de segurança nos presídios mineiros.
Além das palestras, o encontro inclui uma exposição de artesanato produzido por detentos e custodiados da Apac feminina de Belo Horizonte, mostrando iniciativas de trabalho e geração de renda dentro do sistema prisional.
Sobre o Pena Justa
O Plano Nacional Pena Justa foi lançado em 2024 pelo CNJ e pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), com apoio de diversas instituições. A iniciativa prevê a implementação de mais de 300 metas até 2027, com foco na dignidade humana, na racionalização de recursos e na reintegração social, em articulação com tribunais e órgãos de segurança pública em todo o Brasil.