Aportes confirmados superam metade da meta do primeiro ano; Brasil, Indonésia, França, Portugal e Noruega já anunciaram quanto vão investir, e 53 países e a União Europeia aderiram à iniciativa


Marina Silva, Fernando Haddad e Sonia Guajajara detalharam o avanço da adesão ao fundo durante entrevista coletiva. Foto: Rafa Neddermeyer/COP30

Da Redação da Rede Hoje

O volume de investimentos no Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) superou US$ 5,5 bilhões no dia de seu lançamento, alcançando mais da metade da meta prevista para o primeiro ano. O fundo foi oficialmente instituído nesta quinta-feira, 6 de novembro, durante a Cúpula de Líderes da COP30, em cerimônia conduzida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O TFFF surge como um instrumento internacional de incentivo à conservação das florestas tropicais, com o objetivo de remunerar países que preservam seus biomas. O mecanismo prevê aportes públicos e privados e busca criar um modelo de financiamento climático de longo prazo, baseado em resultados e retorno financeiro.

Ao todo, 53 países e a União Europeia assinaram a declaração de adesão ao fundo, demonstrando compromisso com a nova estrutura de cooperação ambiental. A proposta é direcionar recursos para a proteção das principais regiões tropicais do planeta, incluindo as bacias do Amazonas, do Congo e do Bornéu-Mekong.

O Brasil foi o primeiro país a confirmar aporte de US$ 1 bilhão no fundo. Em seguida, Indonésia e Noruega anunciaram investimentos do mesmo valor e de US$ 3 bilhões, respectivamente. França e Portugal também confirmaram contribuições de US$ 500 milhões e 1 milhão de euros.

O avanço dos compromissos

Com esses aportes, o TFFF ultrapassou US$ 5,5 bilhões no primeiro dia, superando a marca de 50% da meta anual de US$ 10 bilhões. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou a importância da adesão inicial e afirmou que o fundo representa um passo concreto para o financiamento ambiental sustentável.

Durante entrevista coletiva, Haddad explicou que, ao atingir cerca de US$ 25 bilhões em aportes, o fundo pretende alavancar investimentos privados quatro vezes maiores. A estimativa é de que cada país participante possa receber até US$ 4 por hectare preservado, considerando o total de 1,1 bilhão de hectares de florestas tropicais nos países signatários.

O modelo de funcionamento do TFFF garante remuneração proporcional à conservação e ao uso sustentável das florestas. O retorno financeiro aos investidores deverá seguir padrões compatíveis com as taxas médias do mercado, fortalecendo a credibilidade e a atratividade do mecanismo.

O ministro ressaltou ainda que a união entre países desenvolvidos e em desenvolvimento é um dos pilares da proposta. A meta é assegurar recursos permanentes, previsíveis e em larga escala, reduzindo a dependência de doações e ampliando o acesso a fontes estáveis de financiamento ambiental.

Estrutura e funcionamento do fundo

Na declaração de lançamento, os 53 signatários destacaram o TFFF como “uma iniciativa inovadora de financiamento climático, baseada em resultados e estruturada para integrar capital público e privado”. A proposta busca garantir mecanismos de acompanhamento e verificação dos resultados alcançados pelos países beneficiários.

Entre os signatários, 19 são potenciais investidores e 34 são países em desenvolvimento que abrigam as principais áreas florestais do mundo. Essas nações concentram mais de 90% da cobertura de florestas tropicais existentes, fundamentais para o equilíbrio climático global.

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, afirmou que o TFFF representa uma mudança de paradigma. Segundo ela, o fundo oferece uma forma sustentável de financiar a proteção das florestas, unindo preservação ambiental e retorno econômico.

Marina explicou que o modelo proposto não se baseia em doações, mas em aportes com retorno garantido. “Os recursos públicos e privados terão o dinheiro de volta, e o mais importante, terão o dinheiro de ida para a proteção das florestas. Esse é o mecanismo inteligente que foi criado”, declarou.

Compromissos e perspectivas

A ministra Sonia Guajajara, dos Povos Indígenas, destacou que o Brasil defendeu, desde o início, a inclusão dos povos indígenas na estrutura do fundo. Segundo ela, foi garantido que pelo menos 20% dos recursos sejam destinados diretamente às comunidades tradicionais e indígenas.

Guajajara afirmou que esse formato assegura autonomia na gestão local e estabilidade nas ações de conservação. “Assim, superamos flutuações políticas e garantimos uma governança autônoma de apoio às florestas tropicais”, explicou.

O presidente Lula reforçou a necessidade de compromisso global com o meio ambiente, destacando a importância de um “mapa do caminho” para reduzir o desmatamento e a dependência dos combustíveis fósseis. A proposta, segundo ele, combina metas ambientais com viabilidade econômica.

A Noruega, parceira histórica do Brasil em programas de conservação, também participou da cerimônia de lançamento. O ministro do Meio Ambiente e Clima norueguês, Andreas Eriksen, ressaltou a liderança brasileira e o avanço da cooperação internacional no combate ao desmatamento.

Cooperação internacional

“Cria-se valor econômico não ao derrubar uma árvore, mas ao permitir que ela permaneça. Que a floresta tropical continue existindo ao longo do tempo e que isso gere benefícios financeiros. Este é um modelo que apoiamos”, afirmou Eriksen, destacando a experiência conjunta desde 2008.

O embaixador Mauricio Lyrio, secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores, anunciou a lista de signatários do TFFF. Segundo ele, o objetivo é reunir as nações com as maiores áreas de floresta tropical e criar uma aliança de longo prazo pela conservação.

Lyrio informou que o grupo reúne países de todos os continentes, especialmente os que compõem as três grandes bacias florestais tropicais. Ele destacou que o mecanismo busca equilibrar as responsabilidades entre as nações e oferecer incentivos para a manutenção das florestas.

O TFFF inaugura um novo modelo de cooperação internacional voltado à proteção ambiental e à mitigação das mudanças climáticas. A previsão é que, até o final de 2025, os países participantes consolidem a estrutura de governança e iniciem a liberação dos primeiros recursos.

A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República informou que as próximas etapas incluirão o detalhamento dos critérios técnicos para distribuição dos fundos e a definição dos mecanismos de auditoria e transparência.

Fonte: Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República


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