
Por Luiz Antônio Costa
Durante décadas, o Brasil foi sinônimo de burocracia. O cidadão comum aprendeu, na prática, que resolver qualquer questão formal — de um simples reconhecimento de firma a uma escritura de imóvel — era sinônimo de filas, carimbos, assinaturas e perda de tempo. Mas, de forma silenciosa, o país começa a mudar essa imagem. O economista Ricardo Amorim, um dos mais respeitados comentaristas do país, destacou recentemente que o Brasil se tornou referência mundial em eficiência e digitalização dos serviços notariais.
Segundo Amorim, desde 2020 os Cartórios de Notas vivem uma verdadeira revolução, com a criação da plataforma e-Notariado, que permite a realização de todos os atos notariais — de testamentos a escrituras — em ambiente 100% digital. A mudança não é apenas tecnológica, mas cultural. O Brasil, historicamente visto como “a terra da burocracia”, virou modelo de inovação e eficiência para o próprio Banco Mundial.
Os números impressionam. De acordo com o economista, mais de 8 milhões de atos digitais já foram realizados desde o lançamento da plataforma. Entre 94 países que possuem Cartórios de Notas, o Brasil é o único em que mais de 50% dos atos ocorrem integralmente online, com a mesma validade jurídica do atendimento presencial. Um feito que coloca o país na vanguarda global de um serviço tradicionalmente lento e excessivamente formal.
O reconhecimento internacional não tardou. O e-Notariado será apresentado como caso de sucesso em Washington, reforçando o protagonismo brasileiro na modernização dos serviços públicos e privados. Essa conquista vai além da comodidade: representa avanços concretos em segurança jurídica, confiança nas transações e estímulo à economia. Quando a burocracia é inteligente e digital, ela deixa de ser obstáculo e se torna aliada do desenvolvimento.
Juliano Alves Machado, titular da serventia e os tabeliães substitutos: a esposa Patrícia Lara Costa Machado e o filho Vinícius Costa Machado.
Conheço de perto o funcionamento de um desses cartórios que incorporaram essa nova mentalidade. Trata-se do Cartório do Segundo Ofício de Cáceres, em Mato Grosso, dirigido pelo patrocinense Juliano Alves Machado, titular da serventia. Ao lado dele atuam como tabeliães substitutos a esposa Patrícia Lara Costa Machado e o filho Vinícius Costa Machado. É uma estrutura moderna, eficiente e voltada para o cidadão.
Em Patrocínio, essa tendência também é visível. Os cartórios locais têm investido em tecnologia, treinamento e aprimoramento dos serviços, acompanhando a onda de modernização nacional. Esse movimento, embora possa parecer restrito a um nicho jurídico, tem impacto direto na vida das pessoas e das empresas. Menos papel, menos tempo gasto, menos custos — e, sobretudo, mais segurança e transparência.
É importante lembrar que a burocracia, em si, não é um mal. Ela existe para garantir segurança, autenticidade e previsibilidade. O problema está no excesso, na lentidão e na resistência à modernização. A experiência brasileira mostra que é possível unir rigor jurídico e eficiência tecnológica, transformando um símbolo de atraso em um exemplo de inovação.
Desburocratizar não é abolir regras, mas adaptá-las ao nosso tempo. E, nesse sentido, os cartórios brasileiros estão dando uma lição. Como disse Ricardo Amorim, o Brasil “virou modelo mundial de eficiência e digitalização”.
Se quisermos um país verdadeiramente desenvolvido, precisamos seguir esse caminho: menos papel, mais confiança, mais tecnologia e mais eficiência. Quando a burocracia é necessária, que seja digital — e, sobretudo, a serviço do cidadão.