Serginho - *03/08/1957 +17/10/2025

Luiz Antônio Costa | O Som da Memória

Quando um amigo se vai, algo nos aperta o peito. É uma dor silenciosa, que não se explica com palavras. Hoje, essa sensação me acompanha com a partida do meu velho amigo Sérgio José de Souza, ou na nossa turma de adolescentes do final dos anos 1960 e início dos anos 1970, o Serginho Playboy. Assim era conhecido nos tempos dourados do futebol amador de Patrocínio. Goleiro de talento, de reflexos rápidos e sorriso fácil, Serginho foi daqueles que marcaram presença tanto nos campos quanto na vida da gente.

Filho do João Comprido, taxista famoso na cidade, Serginho foi figura constante na minha adolescência. Recordo-me com nitidez das nossas conversas na Churrascaria Alvorada, das sessões de cinema no Cine Patrocínio e das noites animadas na Praça Santa Luzia. Era um tempo em que a vida parecia correr devagar, e a amizade era construída no olho no olho, sem pressa, sem distrações — e com muitos namoricos.

Depois, a vida o levou para Uberaba, onde cursou Direito e encontrou seu verdadeiro caminho no marketing político. Tornou-se um profissional respeitado na área, atuando em campanhas importantes e participando de bastidores decisivos da política regional. Trabalhou de perto com Anderson Adauto, figura de destaque no Triângulo Mineiro e no cenário nacional — ex-ministro dos Transportes no governo Lula e ex-prefeito de Uberaba. Inserido nesse ambiente de estratégias, decisões e disputas eleitorais, Serginho conquistou reconhecimento pelo talento, pela lealdade e pela visão moderna de comunicação.

Mesmo com a distância, nunca perdemos o contato — o WhatsApp virou nossa nova Praça Santa Luzia. Falávamos de tudo: da vida, do trabalho e, claro, do Cruzeiro, paixão que nos unia desde sempre. Nossa última conversa foi na quarta-feira, pouco antes do clássico Atlético x Cruzeiro. Eu não imaginava que seria a derradeira.

Nos últimos três meses, o câncer — que ele enfrentava havia três anos — avançou de forma cruel. Segundo me contou o amigo comum Francisco Maciel, do departamento comercial da TV Band, o quadro se agravou rapidamente. Serginho lutou, mas o corpo já não acompanhava a força do seu espírito. Faleceu na tarde desta sexta-feira, 17 de outubro de 2025, em Uberaba, aos 68 anos, em decorrência de complicações da doença.

Na juventude, Serginho foi destaque nas equipes amadoras de Patrocínio e defendeu o Grêmio de futsal. Atuou profissionalmente pelo Patrocínio Esporte Clube, numa época em que o futebol local pulsava com paixão e talento. Serginho, aliás, era o galã da turma, sempre com aquele jeito carismático e o sorriso fácil que conquistava.

Radicado em Uberaba, construiu ali uma carreira sólida e respeitada. Foi reconhecido também na áres de esportes por atuações vibrantes no futebol amador, onde foi campeão. Era admirado por sua competência, carisma e amizade sincera. Teve dois relacionamentos, do primeiro deixa os filhos Sérgio Júnior, Rodrigo, Marcela e Renata, além de muitos amigos que, como eu, hoje sentem o vazio da sua ausência.

Serginho, meu amigo, você foi goleiro dentro e fora de campo — sempre defendendo com bravura as pessoas e causas em que acreditava. Que descanse em paz. A saudade é o gol que a gente nunca aprende a defender.


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